Os dias de Carnaval passam, a saudade dos foliões fica e, infelizmente, a sujeira também. Além do acúmulo de lixo na cidade de Recife e resíduos pelas ruas do Recife, outro lugar se torna alvo daqueles que não sabem jogar lixo no lixo: os rios. Apesar do esforço dos orgãos da Prefeitura e do Estado, com mutirões de limpeza e campanhas educativas, alguns pontos do Rio Capirabibe continuam vítimas da falta de conscientização da sociedade.
Na Rua do Sol, no bairro de Santo Antonio, Centro do Recife, bem próximo ao Teatro de Santa Isabel e ao Palácio do Governo – atualmente em reformas – o cuidado com as margens do Rio está, aparentemente, em dia – a maré cheia pode não deixar tão evidente a quantidade de entulhos. Foram poucos os resíduos encontrados, tanto dentro quanto fora do rio. O que preocupa, no entanto, é a quantidade de lixo jogada provavelmente pelas pessoas que esperam os ônibus nas paradas de coletivos, enfileiradas ao longo da Rua do Sol.
Já nos entornos da Ponte Nova, no cruzamento com a Rua Floriano Peixoto, o que assusta é a quantidade de lixo acumulado no mangue, a zona de transição entre o ambiente terrestre e marinho, que tanto ilustra o cenário que corta a capital pernambucana. No local, um grande número de comerciantes informais se acumula na margem do rio, e o local onde a sujeira é protagonista fica por trás dos pontos de venda. Na área de manguezal que antecede as margens do rio, muitas caixas de papelão, pneus, garrafas plásticas, embalagens de isopor e entulhos.
Para Sônia Rodrigues, 64 anos, o cenário já esteve pior. A aposentada de Belo Horizonte veio pela terceira vez ao Recife para curtir o Carnaval. “Da outra vez que vim, até disse pros meus amigos que Recife é uma cidade linda, mas tinha muita sujeira”, relembra. A melhora na limpeza do rio que corta a capital pernambucana é notável. “Dessa vez eu quase não vi sujeira, melhorou muito”, completa.
O trecho de Manguezal na Avenida Capibaribe, ao lado da Casa da Cultura, ainda no Centro do Recife, também é prejudicado com o depósito de resíduos jogados ali diariamente pela população do entorno. A cena só vai mudando nas margens do Rio Capibaribe na ponte da Rua Velha. No local, quase não foi visto lixo acumulado.
Ao longo da Rua da Aurora, uma parte específica chama a atenção pela quantidade de sujeira e abandono. Logo após ao Monumento do Tortura Nunca Mais, em frente a um dos parques da cidade, na entrada de uma área de Manguezal, a quantidade de resíduos espanta não só os transeuntes, mas até os animais que por ali habitam.
Para o advogado Alberto Duarte, 40, apesar de não circular muito pelo centro da Cidade, é notável o acúmulo de sujeira em diversos pontos. “O que dá pra perceber é que continua a mesma coisa. Não posso quantificar se é mais ou menos do que antes do Carnaval, mas a sujeira existe sim”, ressalta. Já a alagoana Maria José, que mora no Recife há mais de 35 anos, o povo contribui para tal situação. “O rio já esteve mais sujo sim, mas a sujeira continua porque o pessoal joga tudo nele”.
De acordo com a Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), responsável pela cuidado das margens e resíduos flutuantes no Rio Capibaribe no Recife, um mutirão de limpeza para a retirada de lixo e entulhos do manguezal que margeia o Rio Capibaribe foi feito antes do Carnaval. No dia 31 de janeiro, 15 garis vasculharam o trecho compreendido entre o cinema São Luis, na Rua da Aurora, a Ponte do Limoeiro. A vegetação de Mangue em frente à Casa da Cultura também foi alvo do mutirão.
A limpeza é programada a cada 45 dias, mas devido ao acúmulo de lixo em diversos pontos, o orgão decidiu enviar na próxima semana uma equipe à Rua da Aurora, nas margens do Rio, para avaliar a necessidade de um período menor de tempo entre as ações de limpeza. Nos dias da folia, o barco Vassourinha do Capibaribe – responsável pela limpeza periódica do rio – também realizou o recolhimento dos resíduos flutuantes – as conhecidas sacolas plásticas e outros dejetos – no Capibaribe.
A falta de conscientização de muitos cidadãos prejudica não só a estética, fauna e limpeza da Cidade. Em breve, o Rio Capibaribe será mais uma opção de transporte para milhares de pessoas. A obra de dragagem para a navegabilidade do Rio, orçada em R$ 101 milhões, removerá todas as restrições existentes à navegação em 17 quilômetros do Capibaribe, como o lixo, escombros de antigas construções e deve até suprimir parte da vegetação local.
Fonte: NE10